Muita coisa aconteceu desde essa altura. No entanto, é interessante verificar que estas megatendências marcaram os cinco anos seguintes e que se mantêm válidas para pelo menos mais dez. Neste contexto, há publicações de tendências para todos os gostos. Muitas são provadas erradas num curto espaço de tempo devido à volatilidade do ambiente económico, social e político.
Por este motivo, é relevante relembrar quais são:
- Mais tecnologia e mais cibercidadania. A tecnologia vai continuar a ser a força dominante na transformação da sociedade e vai impactar as nossas vidas mais do que se espera. A cibercidadania será o conceito dominante na primeira metade do séc. XXI. Isto é, a democratização e massificação da conectividade e do acesso digital e a consequente e inevitável construção de novas formas de organização socioeconómica empresarial e de governação.
- Os mercados transformam-se pela globalização, mas também pela geração produtora de conteúdos. Cada indivíduo é agora um potencial produtor de conteúdos, o que altera a forma como os negócios devem ser pensados e conduzidos.
- A democracia liberal surge como tendência dominante mas incompleta. Inevitavelmente surgirão novos paradigmas de exercer o poder, mais adaptados aos desafios do séc. XXI, que conciliem as novas formas de poder, a “governação global” e a “vida em comunidades”. As estruturas de poder e controlo tradicionais – supranacionais e nacionais – irão partilhar poder com redes horizontais de comunidades sociais e económicas. A maior capacidade de aceder a e manipular informação aumenta a necessidade de proteger a privacidade dos dados pessoais.
- A demografia, as migrações e o setor público tendem a (des)equilibrar o sistema. A baixa taxa de natalidade e o aumento da longevidade nos países ocidentais coloca desafios tremendos aos sistemas sociais e de saúde e aos sistemas produtivos, para além de estimular a emergência de novos segmentos de mercado. Em contraste, a elevada taxa de natalidade nos países menos desenvolvidos coloca desafios socioeconómicos explosivos, especialmente quando a riqueza dos países ocidentais passa diariamente nas televisões dos países com ainda elevados índices e bolsas de pobreza.
- A sustentabilidade ambiental e energética pode criar ruturas. O consumo de petróleo e de gás natural vai continuar a aumentar e a criar pressões económicas e políticas, não só entre o Ocidente e os países produtores, mas também entre a União Europeia e a Rússia. A energia nuclear, com os seus riscos ambientais e bélicos, continuará a desafiar a estabilidade e a criatividade dos decisores políticos.
Com reagir a estas tendências?
As mudanças associadas a estas tendências podem dar lugar a sentimentos de perda, de crise, de desencanto e de negação. Terão maior probabilidade de êxito os líderes que melhor antevirem e se adaptarem aos referenciais dominantes do futuro, de forma positiva e com novas perspetivas e soluções. Grandes oportunidades surgirão em redor dos criadores e empreendedores das novas soluções.
Terão maior sucesso as lideranças que mobilizem as instituições, as empresas, os cidadãos e as novas comunidades, em prol de uma visão confiante dentro destas tendências emergentes.
Nota: Artigo originalmente publicado no Portal da Liderança.