Paolo Cerruti – antigo vice-presidente da cadeia de fornecimento global da americana Tesla, bem como vice-presidente do planeamento de operações da companhia liderada por Elon Musk – afirma que, numa primeira fase da adoção da Indústria 4.0, os custos “podem ser um elemento dissuasivo”; mas adianta que as empresas têm de “avaliar a cadeia no todo e os custos totais”, e vão “acabar por perceber que o valor que estão a fornecer é muito mais alto que o custo”.
O atual chief operating officer na sueca NorthVolt (concorrente da Tesla) considera ainda que o grande desafio enfrentado pelas organizações na Indústria 4.0 está nas mudanças culturais que têm de proceder a nível interno. O executivo indica qual é “a” competência necessária para ter sucesso na Quarta Revolução Industrial. Veja a entrevista na íntegra:
Quais são os principais desafios da Indústria 4.0?
Quais são então as principais competências de que precisamos para singrar?
Penso que há uma mudança muito profunda em termos de competências: podemos mencionar a integração de um conjunto de competências em TI (tecnologias da informação), em termos de conectividade… mas se tivesse de escolher uma, destacaria a de cientista de dados. Porque pode reunir a quantidade de dados que quiser, mas se não tiver o insight/conhecimento e a capacidade de analisar esses mesmos dados… são basicamente inúteis.
Qual o impacto da Indústria 4.0 nos diferentes setores?
Independentemente da indústria, o que realmente se quer é impulsionar a eficiência operacional de forma transversal. Isto significa melhorar a rastreabilidade nos produtos e na cadeia; significa reduzir o capital de trabalho em todos os aspetos – se se tiver uma maior visão/perspetiva de toda a cadeia de fornecimento; e, eventualmente, também uma maior redução nos tempos realizados. Tudo isto se traduz em melhorias e maior eficiência em termos de custos – que pode decidir devolver aos clientes, ou manter na própria empresa.
De que forma(s) a Indústria 4.0 faz já parte do nosso dia a dia?
Está em todo o lado, sem nos apercebermos de que está presente. Temos um exemplo do nosso quotidiano: quando há a recolha de um produto, e se é capaz de detetar exatamente qual o lote que está corrompido, ou que falha afetou determinado produto – é o resultado de uma cadeia de fornecimento extremamente complexa e sofisticada que está a rastrear todos os produtos, desde o princípio ao fim.