Imagine-se a navegar na internet, a tentar encontrar informações importantes ou realizar uma simples transação online. Agora, pense em como seria a experiência se tivesse alguma deficiência visual, auditiva ou motora. Esta é a realidade diária de milhões de pessoas no globo. No Dia Mundial da Consciencialização para a Acessibilidade (16 de maio) é vital não apenas refletir sobre este cenário, mas também agir para promover uma internet mais inclusiva e acessível para todos. Neste artigo apresentamos o estado atual da acessibilidade digital, os desafios enfrentados e os passos necessários para garantir que a internet é verdadeiramente acessível para cada indivíduo, independentemente das suas capacidades.
Quantas pessoas na UE têm uma deficiência?
Cerca de 27% da população na União Europeia (UE) com mais de 16 anos tem alguma forma de deficiência, segundo dados do Conselho da União Europeia relativos a 2022.
De acordo com estimativas do Eurostat, esta percentagem corresponde a 101 milhões de pessoas, ou um em cada quatro adultos na UE.
101 milhões
pessoas com deficiência
1 em cada 4
adultos na UE têm uma deficiência
À medida que as pessoas envelhecem aumenta a probabilidade de passarem a ter uma deficiência. No gráfico abaixo apresentamos a percentagem de indivíduos com deficiência por faixa etária em 2022.
Idades | % de pessoas com deficiência |
Entre 16-19 anos | 8% |
Entre os 20 e 24 anos | 9% |
Entre os 25 e 34 anos | 11% |
Entre os 35 e 44 anos | 14% |
Entre 45 e 64 anos | 26% |
A partir dos 65 anos | 52% |
Percentagem de pessoas com deficiência por país na Europa
A infografia que se segue ilustra a distribuição percentual de pessoas com deficiência por país na Europa, segundo dados do Eurostat referentes ao ano de 2022 (para consultar passe o cursor ou clique sobre os círculos para ver as percentagens relativas a cada Estado-membro da UE).
Países com maior percentagem de pessoas com deficiência em 2022:
- Letónia: 38,5 %
- Dinamarca: 36,1 %
- Portugal: 34 %
Qual o estado da acessibilidade digital?
Um estudo conduzido pela americana WebAIM em 2024, com uma análise abrangente de 1.000.000 páginas iniciais online, identifica que 95,9% das páginas apresentam falhas nos requisitos WCAG 2.1 (Web Content Accessibility Guidelines: conjunto de diretrizes internacionais que visam tornar o conteúdo da internet mais acessível para pessoas com deficiência). Esta falha foi constatada com uma média de 56,8 erros por página.
95.9%
das páginas iniciais apresentam falhas detetadas pelo WCAG 2.1
56.8
média de erros por página
Erros mais comuns segundo os requisitos WCAG (% páginas iniciais)
Tipo de falha WCAG | % de páginas iniciais |
Texto com baixo contraste | 81.0% |
Ausência de texto alternativo para imagens | 54.5% |
Ausência de etiquetas para entradas de formulário | 48.6% |
Links vazios | 44.6% |
Botões vazios | 28.2% |
Ausência de idioma na página | 17.1% |
Estes erros têm um impacto significativo na experiência do utilizador, bem como no acesso à informação, nomeadamente:
Texto com baixo contraste: o texto apresenta contraste insuficiente com o fundo, dificulta a leitura, especialmente para pessoas com deficiência visual.
Ausência de texto alternativo para imagens: as imagens, ao não terem uma descrição alternativa, privam os utilizadores cegos ou com baixa visão de compreender o conteúdo visual.
Ausência de etiquetas para entradas de formulário: as entradas de formulário não estão etiquetadas de forma correta, tornando difícil para os utilizadores entender o propósito de cada campo.
Links vazios: existem links que não têm texto ou têm apenas espaços em branco, tornando difícil ou impossível para os utilizadores saberem para onde o link direciona.
Ausência de idioma na página: o idioma do conteúdo não está especificado, tornando difícil para os utilizadores compreender o texto, e afetando a funcionalidade de ferramentas de acessibilidade.
Conclusão
Construir uma internet verdadeiramente inclusiva e acessível é um objetivo que requer o compromisso de todos nós.
Neste Dia Mundial da Consciencialização para a Acessibilidade é imperativo lembrar que a acessibilidade digital não é apenas uma questão técnica, mas uma questão fundamental de direitos humanos e de igualdade. Cada um de nós, seja como criador de conteúdo, desenvolvedor web, gestor de site ou simplesmente como utilizador, tem um papel a desempenhar nesta missão.
Ainda há muito a ser feito. Devemos continuar a promover a consciencialização sobre a importância da acessibilidade digital e a implementar práticas que tornem a internet mais inclusiva para todos. Tal inclui aderir às diretrizes de acessibilidade, proporcionar formação adequada aos profissionais envolvidos no desenvolvimento web e garantir que as necessidades das pessoas com deficiência são consideradas em todas as etapas do processo de design e desenvolvimento
Para obter mais informação sobre a legislação portuguesa referente à acessibilidade digital, aplicável tanto a entidades públicas como privadas, e descobrir como a LBC ajuda os seus clientes na criação de soluções digitais mais inclusivas, visite esta página: https://lbc-global.com/servico/usabilidade-e-acessibilidade/.
Fontes:
WebAIM
Conselho da União Europeia