Visão integrada
Angola está a demonstrar como um país devastado por vários anos de guerra pode e deve conciliar dois aspetos indispensáveis. Por um lado, as preocupações mais imediatas como a resolução das carências humanas básicas e a reconstrução do Estado e da infraestrutura física. Por outro lado, a definição e construção, de um modelo de desenvolvimento sustentado que responda aos novos desafios da globalização e da sociedade da informação (SI).
Neste contexto, o Governo de Angola aprovou um Plano de Ação para a Sociedade da Informação (PASI) e um Plano de Acção para a Governação Electrónica (PAGE) da iniciativa da CNTI – Comissão Nacional das Tecnologias de Informação, presidida pelo professor Pedro Sebastião Teta, Vice-Ministro da Ciência e Tecnologia. Desta forma, conseguiu promover uma abordagem consistente e coordenada de todo o Governo e dos vários agentes socioeconómicos em torno de uma visão integrada e devidamente ponderada.
Para a produção destes planos de ação, a CNTI recorreu à metodologia e à equipa da LBC, com amplo conhecimento desta matéria a nível mundial e provas dadas em Cabo Verde e em Portugal.
Avisão integrada
Estes planos de ação espelham a determinação e a ambição de Angola nesta matéria. Neste contexto, a mensagem do Presidente da República de Angola para, Dr. José Eduardo dos Santos, a Cimeira Mundial da Sociedade da Informação que teve lugar em Tunes, em novembro de 2005, salienta que “o Plano de Acção para a Governação Electrónica, bem como o Plano de Acção para a Sociedade da Informação, constituem duas provas cabais da nossa ambição, do nosso interesse e da nossa visão de futuro, para a concretização de uma Estratégia para o Desenvolvimento das Tecnologias de Informação até ao ano 2010”.
A visão integrada define uma estratégia formal e explícita que deve servir de referência fundamental para todos os agentes públicos e privados, nacionais e estrangeiros, a atuar em Angola, envolvidos com as tecnologias de informação e o desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento.
O PASI, Plano de Ação para a Sociedade da Informação, foi estruturado em 10 pilares de intervenção, que se desagregam em 6 pilares de conteúdos – cujas ações e projetos contribuem de forma direta para o desenvolvimento da SI – e 4 pilares de contexto – cujas ações e projetos contribuem de forma continuada para o desenvolvimento da SI.
O desenvolvimento da Sociedade da Informação em Angola é entendido como uma alavanca aos objetivos de desenvolvimento do país e não como um objetivo em si mesmo.
Integração e a interoperabilidade
O PAGE, Plano de Acção para a Governação Electrónica, define cinco eixos de intervenção e propõe um modelo de longo prazo, baseado numa plataforma tecnológica comum para toda a administração pública, por forma promover a integração e a interoperabilidade em prol da conveniência e satisfação dos cidadãos, da eficiência da máquina do Estado, da transparência dos atos governativos e do estímulo à participação democrática.
A implementação do PASI e do PAGE é um desafio essencialmente organizacional e de gestão, que requer um contexto institucional empreendedor e participativo e com capacidade de mobilizar a participação da Sociedade Civil em parcerias público-privadas, ou seja, a constituição de uma agência de coordenação estratégica e operacional, seguindo as melhores práticas a nível mundial.
O novo enquadramento institucional deverá estar assente numa cultura de implementação, em requisitos de eficácia e de eficiência e estar sustentada nos seguintes princípios: a) Atuação virada para a concretização e implementação; b) Trabalho colaborativo, entre entidades públicas e privadas e a Sociedade Civil; c) Postura de complementaridade, evitando a duplicação de esforços ou infraestruturas; d) Cultura de monitorização e reporte das atividades, como meio de reforço da transparência interna e externa.
Desafio formidável
A implementação do PASI e do PAGE é um desafio formidável para Angola que vai requerer apoios externos de várias naturezas. No entanto, o nível de exigência dos angolanos é elevado. Angola é, hoje, um mercado altamente competitivo em termos da oferta de tecnologias de informação, especialmente vinda de empresas da África do Sul, do Brasil, da China, dos Estados Unidos, da Índia, e de vários países europeus, com especial destaque para Portugal. Neste contexto, o mercado angolano está cada vez mais atento e melhor preparado para destrinçar a qualidade e o profissionalismo de que necessita para construir um país moderno e competitivo à escala regional e a nível mundial.
Um país em ação
Angola Fórum TI 2006 ilustra um país em ação
O caminho de Angola na construção da sociedade da informação é longo e complexo. No entanto, o Angola Fórum TI 2006, realizado em Luanda, no Centro de Convenções de Talatona, sob o lema “Na Vanguarda do Apoio à Inclusão Digital”, ilustrou a determinação, a dinâmica e a maturidade de Angola no seu caminho para a construção de uma sociedade da informação. A Leadership Business Consulting participou na conceção e realização deste fórum como consultora internacional do evento.
O Fórum, que foi aberto pelo Primeiro-Ministro de Angola e encerrado pelo Ministro das Finanças de Angola, contou com 47 expositores, ocupando uma área de 2.000 metros quadrados, 63 intervenções e uma audiência média de 600 participantes em cada dia do evento, fazendo um total de 1.800 presenças (mais informações em www.itforum.ao). O sucesso do Fórum foi uma demonstração cabal de que existe nos principais agentes económicos e sociais em Angola a plena consciência de que as Tecnologias de Informação são fundamentais para a dinamização da atividade económica e produtiva e a competitividade das empresas e do país.
No seu discurso de encerramento da Sessão, o Presidente da CNTI – Comissão Nacional das Tecnologias de Informação, Professor Pedro Teta, salientou que os decisores angolanos têm hoje a consciência de que as Tecnologias de Informação são um importante contributo para a governação eficaz, eficiente, participativa e transparente, para a coesão nacional, para o reforço da capacidade do Estado, a melhoria das condições de vida da população e a redução da pobreza no âmbito dos Objectivos do Milénio.